Abertura

Av. Augusto Severo, nº 8 - Glória - 20021-040 - Rio de Janeiro - RJ.
Edição: Victorino Chermont de Miranda - Revisão: Cybele de Ipanema - Colaboração: Arno Wehling
Só os nomes dos sócios do IHGB são grafados em negrito
Informações para o Noticiário também pelo e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

 

OS QUATROCENTOS ANOS DE BELÉM COMEMORADOS NO IHGB

noticiario 313 ihgb 01O IHGB realizou, em 5 e 6 de julho, o Seminário Belém 400 anos, reunindo historiadores do Rio e de Belém.

Coordenado por Arno Wehling, o seminário desdobrou-se em três mesas redondas, cobrindo os temas Estado e Sociedade, Fontes Históricas e Acervos e Manifestações Estéticas.

A 1ª delas, contou com a participação do próprio coordenador, dos professores Fabiano Villaça (UERJ) e Ana Maria Daou (UFRJ) e do sócio Miranda Neto, na tarde do dia 5; a 2ª, com a de Carlos Eduardo Barata e Cláudia Heynemann (Arquivo Nacional) e a 3ª com a da professora Jussara Derenji (UFPA) e dos sócios Dora Alcântara e Myriam Ribeiro, na tarde seguinte, todas seguidas de debates.

Uma exposição organizada pelo Museu, com a colaboração do Arquivo, Biblioteca e Hemeroteca, apresentou retratos a óleo do historiador paraense Manuel Barata e do arcebispo de Belém, D. José Lourenço da Costa Aguiar, mapas, ilustrações, livros, álbuns, fotografi as, códices e medalhas ligados à história da capital paraense.

 

Administração

Representando o Instituto

– Sessão de posse, em 8 de julho, do designer Victor Burton na Academia Brasileira de Arte – o tesoureiro Fernando Tasso Fragoso Pires.

– Sessão aniversária do 119º ano de fundação da Academia Brasileira de Letras e de entrega do Prêmio Machado de Assis, em 20 de julho – o presidente Arno Wehling.

– Velório do sócio titular Evaristo de Moraes Filho, em 23 de julho – o presidente Arno Wehling.

– Velório do sócio titular Helio Leôncio Martins em 28 de julho – o presidente Arno Wehling.

Atos do Presidente

– Edital nº 09/16, de 02 de junlo – declara aberta a vaga no quadro de sócios eméritos em decorrência do falecimento do sócio João Hermes Pereira de Araújo.

– Edital nº 10/16, de 29 de julho – declara aberta a vaga no quadro de sócios titulares em decorrência do falecimento do sócio Evaristo de Moraes Filho.

Noticiário do Corpo Social

Atividades de Julho

05 e 06 14h

Seminário Belém 400 anos

13 15h

CEPHAS com as comunicações: Religiões no Brasil: uma perspectiva histórica, por Edgar Leite Neto, e A recepção do direito alemão no Brasil nos séculos XIX e XX, por Renato Beneduzi.

20 15h

Sessão temática – O Centro Histórico do Rio Colonial e Republicano,
por Nireu Cavalcanti e Augusto Ivan.

27 15h

CEPHAS com as comunicações: O Rio antes do Rio – A cidade tupinambá,
por Rafael Freitas da Silva, e Rodolpho Garcia: erudição e
coautoria, por Lucia Maria Paschoal Guimarães.

 

Atividades de Agosto

03 15h

CEPHAS com as comunicações: A Catedral de Petrópolis. Santuário da Memória da Cidade Imperial, por Dom Gregório Paixão, e João Camillo de Oliveira Torres: O homem interino e a monarquia, por Maria Luiza Penna.

  15h

Não haverá sessão da CEPHAS.

23 a 11/10 15h III Curso de Paleografia.
24 15h

CEPHAS com as comunicações: Das invasões holandesas do Brasil de 1624-1630 à Paz de Haia de 1661 – o papel de Portugal, por Miguel Monteiro, e Origem, evolução e decadência da pesca de lagostas no Brasil, por Melquíades Pinto Paiva.

25 e 26 15h II Curso Ao encontro da memória – Refl exões sobre uma História comum, por Miguel Monteiro.
31 15h CEPHAS com a comunicação: História, política e sociabilidade no Brasil: a coleção de cardápios do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por Lúcia Garcia, e apresentação do livro Liceu Literário Português, Ensino e Cultura 1868-2016, por Carlos Francisco Moura.

 

Estatísticas

Frequência de consulentes: 149

Corpo Social

NOTÍCIAS DE SÓCIOS

Arno Wehling e Ricardo Velez Rodriguez participaram do seminário “Latin American Populism and Neo-Populism”, promovido pelo Liberty Fund, em Gramado, RS. Dia 7.

Candido Mendes comentou, em sua coluna em O Globo, “O novo exílio das esquerdas”, a propósito do quadro político do país. Dia 27.

Isabel Lustosa realizou palestra, na Programação de Inverno da Casa do Saber Rio O Globo, sobre D. Pedro I, um príncipe dividido entre Brasil e Portugal, entre o autoritarismo e o liberalismo. Dia 4.

D. João de Orleans e Bragança disse “sim”, como trineto de D. Pedro II, em artigo em O Globo, ao compromisso democrático que Lincoln de Abreu Penna, bisneto de Floriano Peixoto, lhe propôs em carta publicada, dias antes, no mesmo jornal (Dia 20).

José Almino de Alencar participou, no Recife, do Seminário de Tropicologia promovido pela Fundação Joaquim Nabuco, tendo por pauta os eixos temáticos do Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI da FUNDAJ. Dia 27.

D. Orani Tempesta participou, em Cracóvia, da XXIX Jornada Mundial da Juventude. Dias 27 a 31.

Luiz Alberto Moniz Bandeira foi homenageado com a realização de um seminário por seus 80 anos pela União Brasileira de Escritores – UBE. Dia 1.

Maurício Vicente Ferreira Júnior coordenou, no Cine Teatro do Museu Imperial, a sessão solene em homenagem aos 170 anos do nascimento da Princesa Isabel realizada, em conjunto, pelo Museu Imperial e o Instituto Histórico de Petrópolis. Dia 29.

Sergio Paulo Muniz Costa comentou, em sua coluna no Diário do Comércio, de São Paulo, o fenômeno endêmico e mortífero do terrorismo. Dia 22.

SÓCIOS FALECIDOS

Pelo segundo mês consecutivo, o Instituto viu-se duplamente desfalcado e, desta feita, exatamente, de seus dois sócios centenários: os cariocas Evaristo de Moraes Filho (1914) e Hélio Leôncio Martins (1915).

noticiario 313 ihgb 07Evaristo foi advogado, sociólogo, professor e ensaísta. Bacharelou-se em Direito e, posteriormente, licenciou-se em Filosofi a, pela antiga Universidade do Brasil, hoje UFRJ. Em 1953 e 1955, doutorou-se em Direito e Ciências Sociais. Foi procurador regional da Justiça do Trabalho, em Salvador, e professor de Sociologia e de Direito, nas UFRJ, UERJ e PUC-Rio. Aposentado, em 1969, pelo AI-5, recusou o benefício da Lei de Anistia, não retornando à UFRJ. Era membro da Academia Brasileira de Letras, do Instituto dos Advogados Brasileiros, da Associação Brasileira de Imprensa e do PEN Clube do Brasil. Tinha os títulos de professor emérito da UFRJ e de professor honoris causa da UFF. Publicou cerca de 70 livros e centenas de artigos, merecendo destaque, dentre os primeiros, O ensino da fi losofi a no Brasil (1959), Justiça social e direito do trabalho (1982), O problema de uma sociologia do Direito (1996) e O socialismo brasileiro (1998).

Ingressou no IHGB em 1980 como sócio honorário, passando a titular em 1989. E, desde 1999, integrava seu Conselho Consultivo.

noticiario 313 ihgb 08Hélio Leôncio diplomou-se pela Escola Naval, especializando-se em hidrografi a e navegação nos EUA, tendo sido também autor do levantamento hidrográfi co da costa de vários estados brasileiros. Na carreira militar, foi diretor do Centro de Adestramento Almirante Marques Leão, da Marinha e professor do Curso de Mestrado de História de Guerra Naval, da Marinha, reformando-se como vice-almirante. Foi também professor do Curso de Mestrado da UNIRIO e diretor do Instituto de Administração e Gerência da PUC-Rio. Autor, dentre outros, dos livros Almirante Ary Parreiras (1966), Almirante Lorde Cochrane – uma figura polêmica (1997), A Revolta da Armada (1997), A Revolta dos Marinheiros (1988), História Naval Brasileira, 5 v. (coordenador e autor de vários capítulos) e dezenas de artigos. Era membro do IHGMB, IHGRS e da Academia de História Militar Terrestre do Brasil.

Ingressou no IHGB no quadro extranumerário de sócios honorários, na chamada eleição dos Grandes Nomes, em 1997, e passou a titular em 2001. E, desde 2005, integrava seu Conselho Consultivo.

DESTAQUES NA IMPRENSA

O destaque na imprensa ficou para Eduardo Silva, por sua entrevista ao suplemento O Globo Zona Sul, de 21 de julho, comemorativo dos 97 anos do bairro do Leblon.

noticiario 313 ihgb 06Eduardo recordou a presença do quilombo do Leblon, na localidade conhecida como Chácara do Céu, apontando para a necessidade de se considerá-lo como uma parte fundamental das origens do bairro, pois já era “a modernidade penetrando o Brasil, com a participação das mulheres, dos negros e dos imigrantes”. E observou que, para a fi gura histórica da princesa Isabel, o fato de aparecer publicamente com camélias, “que era um símbolo abolicionista e subversivo”, lhe parecia mais signifi cativo até do que a própria sanção da Lei Áurea, já que isto, sendo ela, à época, a regente do Império, era de sua função fazê-lo.

Outras Notícias

Livros Recebidos

BORREGO, Nuno Gonçalo Pereira. Mordomia-mor da Casa Real: foros e ofícios, 1755-1910. Lisboa: Tribuna da História, 2007. 2 v.

CASTRO, Fernando Pedreira de. O padre José de Campos Lara S.J. no ambiente em que viveu (1733-1820). Comentários e notas de Marcelo Meira Amaral Bogaciovas. 2. ed. rev. e aum. Itu: Ottoni, 2016. 144 p.

CAVALCANTI, Nireu Oliveira. Rio de Janeiro: Centro histórico colonial: 1567-2015. Rio de Janeiro: Andréa Jakobson Studio, 2016. 148 p.

CHAVES, Gilmar (Org.). Ceará de corpo e alma: um olhar contemporâneo de 53 autores sobre a terra da luz. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002. 381 p.

GASPARI, Elio. A ditadura acabada. 1. ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016. 447 p.

LICKS, Afonso. Octavio, o civil dos 18 do Forte de Copacabana. 1. ed. Porto Alegre: Quattro Projetos, 2016. 143 p.

MARIZ, Celso. Ibiapina: um apóstolo do Nordeste. 3. ed. João Pessoa: Conselho Estadual de Cultura, 1997. 319 p.

MEDEIROS FILHO, Olavo de. Ribeiras do Assu e Mossoró: notas para a sua história. Mossoró: Fundação Vingt-Un Rosado, 2003. 200 p.

MOURA, Carlos Francisco. Liceu Literário Português: ensino e cultura, 1868-2016. Rio de Janeiro: Liceu Literário Português, 2016. 88 p.

NASCIMENTO, José Anderson. Cangaceiros, coiteiros e volantes. São Paulo: Ícone, 1998. 285 p.

PAZ, Renata Marinho. As beatas de Padre Cícero: participação feminina no movimento sócio-religioso de Juazeiro do Norte. Juazeiro do Norte: Edições IPESC/URCA, 1998. 119 p.

RIBEIRO JÚNIOR, José. Colonização e monopólio no Nordeste brasileiro. São Paulo: Hucitec, 1976. 210 p.

SANTOS FILHO, Olinto Rodrigues dos. Tiradentes: monumentos preservados. Fotografi as Alex Salim. Tiradentes: Instituto Histórico e Geográfi co de Tiradentes, 2015. 256 p.

SOUZA, Simone de; NEVES, Frederico de Castro (Org.). Gênero. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2002. 119 p.

VASQUEZ, Pedro Karp. O uso criativo de acervos fotográfi cos. Rio de Janeiro: FUNARTE, 2016. 116 p.

Algumas Pesquisas

ACKER, Antoine (Pós-Doutorando) – Universidade de Turim. Assunto: petróleo. Finalidade: projeto de pós-doutorado.

ARAUJO, Adauto Tavares (Mestrando) – UERJ. Assunto: Carlos Sampaio. Finalidade: mestrado em história.

ARAUJO, Felipe Nascimento (Mestrando) – UERJ. Assunto: Grécia antiga. Finalidade: consulta historiográfi ca para pesquisa de mestrado.

CUNHA, Victoria F. (Universitária) – Universidade Federal de Uberlândia. Assunto: história geral do Brasil. Finalidade: acadêmica.

FERREIRA, Álvaro Mendes (Instituto de Terras e Cartografi a do Estado do RJ). Assunto: Petrópolis. Finalidade: regularização fundiária de comunidade em Petrópolis pelo Iterj.

FONTES, Ivan José de Azevedo. Assunto: revolução paulista de 1932. Finalidade: romance.

FRAGA, Alexandre Barbosa (Professor) – UFRJ. Assunto Brasil. DIP. Finalidade: artigo científi co.

FRAGA, André Barbosa (Doutorando) – UFF. Assunto: Estado Novo. Finalidade: tese de doutorado.

HIDALGO, Bruno Dantas (Geógrafo) – IBGE. Assunto: obra literária sobre o Pantanal. Finalidade: pesquisa para o Atlas das Representações Literárias, do IBGE.

KAMINITZ, Sonia (Professora) – UNIRIO. Assunto: brasões. Finalidade: história da enfermagem.

MOURA, Nádia Mendes de – FAU-USP. Assunto: capitania de Goiás. Finalidade: pesquisa acadêmica.

OLIVEIRA, Maurício Dutra (Universitário) – UERJ. Assunto: Victor Nunes Leal. Finalidade: direito comparado.

PÉRES, Yngrid Pamisset (Universitária) – UFF. Assunto: história do Brasil. Finalidade: trabalho de faculdade.

PETIN, Patrick-Olivier Garcia (Doutorando).– Paris X-Nanterre. Assunto: direito militar. Finalidade: doutorado.

RAMOS, Nataly Alves (Doutoranda) – Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3. Assunto: coletânea de estudos sobre o Brasil. Finalidade: tese de doutorado

SCHUMANN, Isabella (Mestranda) – New York University. Assunto: Manuel de Araújo Porto Alegre. Finalidade: tese universitária.

SOARES, Mariza (Professora) – UFF. Assunto: marfi m. Finalidade: publicação de artigo.

CLÁSSICOS DA HISTÓRIA

O progresso não é um mero fato a descobrir pelo pensamento histórico; só por intermédio do pensamento histórico é que ele verdadeiramente se manifesta.

A razão para tal reside na circunstância de o progresso – nesses casos (comuns ou raros) – quando ocorre, ocorrer apenas dum modo: pela retenção, no espírito, numa dada fase, daquilo que foi realizado na fase precedente. As duas fases não fi cam relacionadas meramente por sucessão, mas também por continuidade – uma continuidade de tipo especial. Se Einstein dá um passo em frente, relativamente a Newton, fá-lo por conhecer o pensamento de Newton (retendo-o dentro do seu, no sentido de conhecer o signifi cado dos problemas de Newton e de saber como ele os resolveu) e por conseguir separar a verdade, nessas soluções, de quaisquer erros que impediram Newton de ir mais longe, incorporando estas soluções – extraídas deste modo – na sua própria teoria. Podia, sem dúvida, ter feito isto, sem ter lido Newton, no original; mas não, sem ter recebido de alguém a doutrina de Newton. Desta maneira, Newton representa – num tal contexto – não um homem mas uma teoria, dominante ao longo dum certo período de pensamento científi co. Só na medida em que conhecer essa teoria – como um fato da história da ciência – é que Einstein pode conseguir algum avanço sobre ele. Assim, Newton vive em Einstein, do mesmo modo que qualquer experiência passada vive no espírito do historiador, como experiência passada reconhecida como passada (como o ponto, de que partiu o desenvolvimento que lhe diz respeito) mas reconstituída presentemente, em conjunto com um desenvolvimento de si mesma, que é parcialmente construtivo ou positivo e parcialmente crítico ou negativo.

Verifica-se coisa semelhante com qualquer outro progresso. Se pretendermos abolir o capitalismo ou a guerra – e ao proceder assim, não se põe apenas a questão de destruí-los mas também a de substituí-los por alguma coisa melhor – temos de começar por conhecê-los, vendo que problemas é que o nosso sistema econômico ou internacional consegue resolver e como é que a solução destes se encontra relacionada com os outros problemas que é incapaz de solucionar. Este conhecimento do sistema que nos propomos substituir é uma coisa que devemos conservar, ao longo do trabalho da sua substituição, como um conhecimento do passado a condicionar a nossa criação do futuro. Pode ser impossível fazer isto. O ódio que votamos àquilo que destruímos pode impedir-nos de compreendê-lo; e podemos gostar tanto disso, que não possamos destruí-lo, exceto se estivermos cegos por tal ódio. Mas se for assim, haverá uma vez mais – como tantas vezes, no passado – mudança e não progresso. Teremos perdido o nosso domínio sobre um grupo de problemas, com a nossa ânsia de resolvermos os outros. E é preciso compreendermos, desde já, que nenhuma lei benevolente da natureza nos livrará dos frutos da nossa ignorância.

R.G. Collingwood, A ideia de História, Lisboa,
Presença 1989,p.400-401