Abertura

O Símbolo de Poder da Primeira República

304 abertura 01

A edição comemorativa dos 90 anos de O Globo, em 29 de julho, fez recordar a célebre fotografia da saída do presidente Washington Luís do Palácio Guanabara, na tarde de 24 de outubro de 1930, acompanhado do cardeal D.Sebastião Leme, colhida pela objetiva do então repórter Roberto Marinho.

Sitiado em sua residência pelos revoltosos e intimado a deixar o poder pela Junta Militar encabeçada pelo general Tasso Fragoso, o presidente afinal acedera e foi conduzido ao Forte de Copacabana, de onde seguiu, dias após, para o exílio na Europa. Tal imagem, por seu turno, remete ao que escreveu o jornalista Lira Neto, no 2º volume da biografia de Getúlio Vargas, publicada em 2013, sobre um importante item de nosso acervo museológico, conhecido de bem poucos: a faixa presidencial que o presidente deposto deixara na sede do governo.

Lira Neto assim se refere ao episódio:
“Em 20 de julho [1934], Getúlio tomou posse como presidente constitucional do Brasil. A faixa verde-amarela que trazia ao peito era novinha em folha. A antiga, cujo último usuário fora Washington Luís, ficara escondida desde 1930, em poder de um simples zelador do Catete, Albino José Fernandes, antigo servidor do palácio. No dia em que foi derrubado pela junta militar que passou o poder a Getúlio, o então presidente Washington incumbira Albino da guarda do simbólico objeto, orientando-o a só entregá-lo a um novo presidente legalmente eleito”.

Receoso de que o segredo que guardava viesse a ser descoberto, Albino, segundo narrado por Alzira Vargas em suas memórias, trazia-o sob o uniforme de trabalho e chegara a dormir com ele debaixo do pijama, à espera da hora de entregá-la a quem de direito.

“Ao que consta, prossegue o biógrafo, Getúlio ficou impressionado com o gesto. Mas doou a faixa original ao Instituto Histórico. Não era exatamente um homem supersticioso. Contudo, por via das dúvidas, preferiu mandar confeccionar uma nova faixa, menos amarfanhada e ainda não maculada pela má sorte de um antecessor derrubado do poder por um golpe de força” (p. 190-191).

A doação é verdadeira e a faixa encontra-se incorporada ao acervo museológico do IHGB. Mas sua descrição não corresponde à realidade: nem o escudo da República é de ouro cravejado de brilhantes (o Decreto 2.299, de 21/12/1910, que a instituiu, é, aliás, taxativo no dispor que o mesmo seria bordado a ouro), nem a entrega se fizera em 1934, às vésperas da posse de Vargas como presidente eleito, e sim, em 1935, conforme carta autógrafa de Rubens de Melo ao secretário Max Fleiuss, encaminhando o referido adereço em nome do presidente Getúlio Vargas.

Administração

Noticiário de Administração 

Representando o Instituto

– Solenidade na Fundação Biblioteca Nacional, em 6 de julho, de proclamação dos resultados do projeto “Construtores da Literatura Carioca”, promovido pela Academia Carioca de Letras – o presidente Arno Wehling.

– Abertura da exposição Rio Setecentista quando o Rio virou capital, em 7 de julho, no Museu de Arte do Rio, MAR – o presidente Arno Wehling.

– Comemoração do 98o aniversário da Academia Fluminense de Letras, em 23 de julho – a primeira secretária Cybelle de Ipanema.

Atos do Presidente

– Edital nº 05/15, 09 de julho – declara aberto por 30 (trinta) dias o prazo para apresentação de propostas de candidatos a 01 (uma) vaga de sócio titular em razão do falecimento do sócio Ronaldo Rogério de Freitas Mourão observando-se os procedimentos estabelecidos no artigo 2º do Estatuto.

– Edital nº 06/15, 09 de julho – declara aberto por 30 (trinta) dias o prazo para apresentação de propostas de candidatos a 01 (uma) vaga de sócio emérito em razão do falecimento da sócia Thalita de Oliveira Casadei observando-se os procedimentos estabelecidos no artigo 2º do Estatuto.

– Edital nº 07/15, 09 de julho – declara aberto por 30 (trinta) dias o prazo para apresentação de propostas de candidatos a 04 (quatro) vagas de sócio honorário brasileiro em razão do falecimento dos sócios Davis Ribeiro de Sena e Paulo Brossard de Souza Pinto; da transferência do sócio Antonio Celso Alves Pereira e da ampliação do número de vagas consoante o disposto no art. 20, inciso VI, observando-se os procedimentos estabelecidos no art. 6º do Estatuto.

Atividades de Julho

01 15h Sessão Temática – A guerra literária: os panfletos da Independência, por Marcelo Basile, Heloisa Starling, José Murilo de Carvalho e Lucia Bastos.
13 15h CEPHAS com as comunicações: Azeredo Coutinho, o bispo de Olinda, por Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque, História da profissão docente no Brasil e em Portugal, por Teresa Fachada, e apresentação e lançamento do livro “Dom Pedro II, Imperador do Brasil (O Imperador visto pelo barão do Rio Branco)”, por Sergio Eduardo Moreira Lima e Luís Claudio Villafañe.
15 17h Sessão solene de posse do sócio honorário brasileiro Cícero Sandroni que foi recebido pelo sócio emérito Alberto Venancio Filho e falou sobre José Carlos Rodrigues e o seu tempo.
22 e 29 15h Não houve sessão da CEPHAS nos dias 22 e 29 de julho de 2015.

 

Programação de Agosto

05 15h Sessão em homenagem ao Centenário de nascimento do sócio Eduardo d’Oliveira França – por Lená Menezes, José Jobson de ArrudaSonia Siqueira e Arno Wehling.
  17h30 Apresentação e lançamento do livro “Navegantes, Bandeirantes, Diplomatas – Um ensaio sobre a formação das fronteiras do Brasil” por Synésio Sampaio.
12 15h CEPHAS com as comunicações: Arranjos populacionais e concentrações urbanas do Brasil: aspectos metodológicos, por Mauricio Gonçalves e Silva e Maria Mônica Vieira Caetano O’Neill, e apresentação e lançamento do livro “Monarquia sem despotismo e liberdade sem anarquia: o pensamento político do Marquês de Caravelas”, por Christian Edward Cyril Lynch.
19 15h Sessão Temática: Tesouro – O Palácio da Fazenda da Era Vargas nos 450 anos no Rio de Janeiro, por Nireu Cavalcanti e Hélio Brasil, e Árabes e muçulmanos em Portugal e no Brasil, por António Dias Farinha.
26 15h Apresentação e lançamento do livro “Uma coletânea: monarquia, Liberalismo e Negócios no Brasil. 1780-1860” por Isabel Marson e Cecília Helena Salles.

Estatísticas

Frequência de consulentes: 163.

Corpo Social

Notícias de Sócios

Alberto da Costa e Silva participou do Ciclo de Conferências “Travessias no Sertão”, promovido pela ABL, discorrendo sobre Vidas secas. Dia. 14.

Albert Fishlow foi homenageado por colegas e ex-alunos, na Casa das Garças, no Rio, por seus 80 anos e 50 de sua primeira visita ao Brasil. Dia 3.

Arno Wehling passou a integrar o Conselho Consultivo da revista eletrônicaIntellectus, destinada a publicar artigos sobre a vida intelectual no mundo ibero-americano, e proferiu também a conferência de abertura do III Congresso Brasileiro de Paleografia e Diplomática, promovido pela Associação dos Arquivistas do Rio de Janeiro - AAERJ e pelo Centro de Estudos e Projetos Arquivísticos - CEPArq . Dia 1.

Consuelo Pondé de Sena (†) foi homenageada nas comemorações do 2 de julho em Salvador e em artigo de Sergio Mattos, intitulado “O vulcão da Bahia adormeceu”, publicado no encarte Bahiaciência do jornal A Tarde, daquele estado. Dia 26.

Cybelle de Ipanema foi destaque na galeria fotográfi ca da edição comemorativa dos 90 anos de O Globo como representante da geração contemporânea da fundação do jornal. Dia 29.

Edivaldo Machado Boaventura foi eleito membro correspondente da classe de História Marítima da Academia de Marinha de Portugal. Dia 30 jun.

José Almino de Alencar deteve-se, em sua coluna no Jornal do Commercio, do Recife, sobre as sutilezas da língua contidas em locuções a que os gramáticos chamam de “contrônimos”. Dia 26.

Lilia Moritz Schwarcz participou de mesa-redonda, na Festa Literária Internacional de Paraty - Flip, com Boris Fausto e Heloísa Starling, sobre o momento político brasileiro. Dia 4.

Myriam Ribeiro de Oliveira participa da comissão de curadores da exposição Rio Setecentista quando o Rio virou capital, no Museu de Arte do Rio - MAR. inaugurada em 6 de julho.

D. Orani Tempesta evocou, em sua página no jornal Testemunho de Fé, edição de 19 a 25 do corrente, os 60 anos do XXXVI Congresso Eucarístico Internacional, realizado no Rio de Janeiro de 17 a 24 de julho de 1955.

Sergio Paulo Muniz Costa abordou, em artigo intitulado “Ideologização sexual: da desilusão à amargura”, no Jornal do Commercio, de Juiz de Fora, o momentoso tema da igualdade de gêneros. Dia 10.

Vasco Mariz lançou, pela Civilização Brasileira, seu novo livro Pelos caminhos da História: nos bastidores do Brasil Colônia, Império e República. 

Posse de Sócio

Fotografias: Ivanoé

304 corpo 01Realizou-se, em 15 de julho, na Sala Pedro Calmon, a sessão extraordinária de posse do sócio honorário Cícero Sandroni, presentes os presidentes da Academia Brasileira de Letras, Geraldo Holanda Cavalcanti, e do IHGES, Getúlio Marcos Pereira Neves.

O empossando foi levado à mesa diretora pelos sócios Alberto da Costa e Silva, Arnaldo Niskier e José Murilo de Carvalho, tendo prestado o compro misso regimental e recebido o colar acadêmico de sua esposa, Laura Sandroni.

Coube a Alberto Venancio Filho o discurso de boas-vindas, no qual destacou a atividade de Sandroni no jornalismo e suas pesquisas sobre a história da imprensa no Brasil. Em seu discurso de posse, Cícero Sandroni discorreu sobre “José Carlos Rodrigues e o seu tempo”, detendo-se de modo especial sobre os vínculos deste com o Jornal do Commercio e sobre seu interesse pela bibliofilia, autor que fora do célebre catálogo Biblioteca Brasiliense.

O presidente Arno Wehling cumprimentou os oradores e disse que o ingresso de Sandroni vinha reforçar os laços do IHGB com o jornalismo, patentes de modo especial nas figuras do cônego Januario da Cunha Barbosa e de Barbosa Lima Sobrinho.

A solenidade foi seguida de coquetel no terraço, oferecido pelo casal Sandroni.

Instituições

Notícias de Instituições Congêneres

Esta seção volta nas próximas edições.

Outras Notícias

– O IHGB associou-se ao pesar do Governo do Estado e da Prefeitura do Rio de Janeiro pelo falecimento do ex-prefeito e vice-governador Luiz Paulo Conde (1934-2015), ocorrido em 21 de julho, enviando uma coroa de flores.

– Quando prefeito, Conde foi um constante apoiador do IHGB, tendo sua administração sido um dos patrocinadores do VII Congresso da Associação Iberoamericana de Academias de História, realizado, no Rio de Janeiro, de 16 a 20 de outubro de 2000, a cujas delegações ofereceu, inclusive, uma recepção no Palácio São Clemente.

– O Museu de Arte do Rio de Janeiro - MAR inaugurou, em 6 de julho, a exposição “Rio setecentista, quando o Rio virou capital”, em comemoração dos 450 anos de fundação da cidade.

304 outras 01A mostra convida a um passeio visual (e a uma reflexão) sobre sua complexa e contraditória história: o Rio das belezas naturais e dos contrastes sociais, de ontem, de hoje. O Rio de muitas faces e épocas, como que a se recompor no imaginário dos visitantes. O Rio cidade indômita, como o definia o primeiro governador de seus tempos de Cidade-Estado.

A exposição conta com peças de coleções públicas e particulares, estando o Instituto presente com nove itens de seu acervo, dentre os quais os “Autos de execução contra os réus inconfidentes Joaquim José da Silva Xavier e Outros”;

Carta do conde de Oeiras à autoridade eclesiástica(não nomeada) sobre a desordem e o escândalo em que viviam os padres Jesuítas na Capitania do RJ. Nossa Sr.ª da Ajuda, 28/08/1760;

Relação dos Magníficos Carros – que se fizeram de arquitetura, perspectiva e fogos – os quais se executaram nas festas dos desposórios dos sereníssimos infantes de Portugal na cidade do RJ, por Antônio Francisco Soares. Rio de Janeiro, 02/02/1786 e Martin Waldseemüller. Quatuor Americi Vesputii Navigationes. (1507).

Organizada pelo Instituto Odeon, a exposição tem o patrocínio do Banco Itaú e estará aberta até 8 de maio de 2016.

Livros Recebidos

BITTENCOURT, Fábio (Org.). Arquitetura do Instituto Vital Brazil: um patrimônio modernista da saúde: 90 anos de história. 1. ed. Niterói: RioBooks, 2009. 208 p.

BRAZIL, Lael Vital. Vital Brazil, meu pai. 1. ed. Rio de Janeiro: Perse, 2014. 397 p.

CABRERA BECERRA, Gabriel. Los poderes de la frontera: misiones católicas y protestantes, y Estados en el Vaupés colombo-brasileño, 1923-1989. Medellín: Universidad Nacional de Colômbia, 2015. 455 p.

CANCINO TRANCOSO, Hugo; SIERRA, Carmen de (Org.). Ideas, cultura e historia en la creación intelectual latinoamericna: siglos XIX y XX. Quito: Abya-Ayla, 1997. 464 p.

CANCINO TRANCOSO, Hugo; KLENGEL, Susanne; LEONZO, Nanci (Eds.).Nuevas perspectivas teóricas y metodológicas de la historia intelectual de América Latina. Frankfurt am Main: Vervuet; Madrid: Iberoamericana, 1999. xi,342 p.

CARDOSO, Tereza Fachada Levy (Org.). História da profi ssão docente no Brasil e em Portugal. Rio de Janeiro: Mauad, 2014. 243 p.

COARACY, Vivaldo. A Sala da Capela: a revolução paulista de 1932. 2. ed. Rio de Janeiro: Documenta Histórica, 2008. 159 p.

CRANMER, David (Ed.). Marcos Portugal: uma reavaliação. Lisboa: Colibri: Universidade de Lisboa, Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical, 2012. 478 p.

DEAN, Warren. A luta pela borracha no Brasil: um estudo de história ecológica. Tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Nobel, 1989. 296 p.

DUARTE, Leila Menezes: ARAÚJO, Paulo Roberto Pinto de (Org.). A contradicta: polícia política e comunismo no Brasil, 1945-1964. Rio de Janeiro: Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro. 2013. 222 p.

ERMAKOFF, George. Bibliotecas brasileiras. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2015. 301 p.

FIGUEIREDO, Wilson. 1964: o último ato. Organização Vanuza Braga. Rio de Janeiro: Gryphus, 2015. 184 p.

GRAFTON, Anthony. Les origines tragiques de l’érudition: une histoire de la note en bas de page. Traduit de l’anglais par Pierre Antoine Fabre. Paris: Ed. du Seuil, 1998. 219 p.

MOSSÉ, Benjamin. Dom Pedro II, Imperador do Brasil: (o Imperador visto pelo Barão do Rio Branco). Apresentação Sergio Eduardo Moreira Lima. Prefácio Luís Cláudio Villafañe G. dos Santos. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2015. 268 p.

OLIVEIRA, Anderson José Machado de; MARTINS, William de Souza (Orgs.).Dimensões do catolicismo no império português: (séculos XVI-XIX). Rio de Janeiro: Garamond. 2014. 413 p.

PERALTA, Victoria. Distinciones y exclusiones : en busca de cambios culturales en Bogotá durante las repúblicas liberales: una historia cultural de Bogotá: (1930-1946). Bogotá: Academia Colombiana de Historia, 2013. 318 p.

TOCCO, Valeria. Os Lusíadas: dos manuscritos à princeps. Coimbra: Centro Universitário de Estudos Camoneanos, 2012. 127 p.

Algumas Pesquisas

AUBERT, Pedro Gustavo (Doutorando) - USP. Brasil imperial. Finalidade: tese de doutorado.

BARTOLO, Ana Cristina (Pesquisadora/Jornalista) - Luneta Editora. Assunto: Casa da Marquesa de Santos. Finalidade: aplicativo para a Casa Marquesa de Santos – Linha do tempo sobre ocupação da casa.

COSTA, Michel Dal Col (Doutorando) - UNIRIO. Assunto: biografias de capixabas do passado. Finalidade: tese de doutorado.

MONTEIRO, Jessica de Oliveira (Mestranda) - UENF. Assunto constituição brasileira. Finalidade: mestrado.

NOGUEIRA, Berna Caroline Vasconcelos (Mestranda) - UFC. Assunto: Thomaz Pompeu de Sousa Brasil. Finalidade: pesquisa para projeto de mestrado.

NOGUEIRA, Ítalo (Jornalista) - Folha de São Paulo. Assunto: censo. Finalidade: matéria jornalística.

PAMPLONA, Nelson V. - CBG. Assunto: brasões. Finalidade: pesquisa brasões.

PANSU, Morgane (Mestranda) - PUC-RIO. Assunto: índios do Brasil. Finalidade: mestrado.

PEDROSO, Claudio Nascimento (Mestrando) - UERJ, Assunto: história econômica. Finalidade: pesquisa para projeto de mestrado.

PRATA, Jorge (Professor) - UNIVERSO. Assunto: escravidão. Finalidade: livro.

SÁ, Helena de Cássia Trindade de (Universitária) - UNIRIO. Assunto: elites coloniais. Finalidade: projeto de pesquisa.

SANTANA, Thaís R.da Silva (Doutoranda) - UIUC, USA. Assunto: Manaus. Finalidade: doutorado.

SANTOS, Ivan Paulo Silveira (Professor) - UFS. Assunto: história das ruas do Rio de Janeiro. Finalidade: verificar a localização do Pedagogium na rua do Passeio.

SILVA, Thamires Valério Oliveira da (Estudante) - CEFET. Família imperial. Finalidade: pesquisa científica e exposição.

VARELA, Alex Gonçalves (Universitário) - UERJ. Assunto: Andradas. Finalidade: projeto de pesquisa.

VARSANO, Flávia Ribeiro (Jornalista) - Associação Comercial do Rio de Janeiro. -Assunto: Porto do Rio de Janeiro e outras paisagens brasileiras. Finalidade: pesquisa iconográfica para futura exposição.

Escrita da História

Quero descrever o que é tematizado como matriz disciplinar da ciência histórica, quando os historiadores refletem sobre os princípios da sua disciplina para fundamentar e garantir a solidez científica da pesquisa histórica e da historiografia profissional, com o seguinte modelo analítico-estrutural: trata-se da inter-relação sistemática de cinco fatores, que são necessários, cada um por si, e sufi cientes no seu conjunto, para organizar o conhecimento histórico como processo cognitivo. Refiro-me, em primeiro lugar, aos interesses de conhecimento, através dos quais necessidades de orientação na sociedade se prolongam para dentro da disciplina cientifica; em segundo lugar, e em correspondência com estes interesses, às perspectivas orientadoras sobre as transformações do homem e do seu mundo no tempo, nas quais o passado humano pode ser interpelado e reconhecido antes de mais nada como história; em terceiro lugar, às regras metódicas, com as quais a experiência do passado é inserida nas perspectivas orientadoras através da pesquisa (processo no qual estas últimas são modificadas e concretizadas); em quarto lugar, às formas da representação historiográfica; e, finalmente, às funções desempenhadas pelo saber histórico no contexto existencial do próprio historiador. O processo do conhecimento científico é determinado por todos os cinco fatores. Nenhum deles pode ser reduzido ao outro e todos eles em conjunto regulam este processo como processo de conscientização coerente em si e distinguível de outras operações e processos cognitivos, como processo de conhecimento da consciência histórica.

A inter-relação entre os cincos fatores pode ser descrita esquematicamente como um sistema dinâmico na forma de um modelo cibernético: interesses de conhecimento são traduzidos em perspectivas orientadoras sobre o passado, que por sua vez fundamentam os princípios metódicos da pesquisa; o saber histórico obtido através da pesquisa poderá assim, uma vez formulado pela historiografia (isto é, endereçado a pessoas interessadas), desempenhar funções práticas de orientação existencial (sobretudo na formação da identidade histórica).

Jörn Rüsen, Reflexão sobre os fundamentos e mudança de paradigma na ciência história alemã, in A.A.B. Neves e R. E. Gertz, A nova historiografia alemã, Porto Alegre, UFRGS, 1987, p. 15.