Resumo
Os caminhos do sertão foram decisivos para a conquista do território e para o seu povoamento, seja nos sertões americanos, seja nos sertões africanos. Esse processo se caracterizou, de um lado, pela persistência e, de outro, pela descontinuidade, tanto no tempo quanto no espaço. Terrestres e fluviais, amplos e mesquinhos, estradas reais e picadas, esses caminhos, boa parte dos quais aproveitados dos nativos dos dois lados do Atlântico, ajudaram a implantar a soberania portuguesa naqueles sertões, por mais frágil e precária que ela fosse. Tendo como origem, no Brasil, os núcleos de Olinda, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo e, na África, de Luanda, Bié, Sofala e outros, esses caminhos foram essenciais para as tentativas de exploração e descobrimento e para a circulação de tropas, mas também para atividades mais comezinhas como as trocas comerciais e o transporte de mercadorias, seja nos lombos das mulas, seja nas costas dos nativos. Feitos por iniciativa da Coroa, com sua colaboração ou a sua revelia, foram, também, um dos locus privilegiados para a manifestação de um dos grandes paradoxos do processo de expansão e colonização portuguesa: a tensão permanente, para não dizer a confusão, entre o público e o privado.
Palavras-chave: Brasil; África Portuguesa; Sertões; Expansão; Ocupação.
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Abstract
The paths of the hinterland both in America and in Africa were decisive for the conquest of territory and its settlement. The process was characterized on the one hand by persistence, and on the other by discontinuity, both in time and space. Whether terrestrial or fluvial, wide or narrow, royal or damaged, these paths were used by the natives on both sides of the Atlantic and helped to establish Portuguese sovereignty in the back lands, however fragile and precarious it may have been. Originating in Brazil in the hubs of Olinda, Salvador, Rio de Janeiro and São Paulo, and in Africa in cities like Luanda, Bié, Sofala, these paths were essential not only for exploitations, discoveries and movement of troops, but also for daily activities such as trade and the transportation of goods by mules or by the natives. Built on the initiative of the Crown, with or without its collaboration or consent, they were also one of the favored places for the expression of one of the great paradoxes of the Portuguese expansion and colonization process, namely the permanent tension, not to mention confusion, between the public and private realms.
Key Words: Brazil; Portuguese Africa, hinterland, expansion, occupation.
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