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Por quais astúcias da teimosia do ausente – belo título de um de seus poemas – vim a tomar ciência tardiamente da obra de Ida Vitale? Por um imprevisto prosaico, digamos assim. Eu conheço a editora e tradutora da recém publicada antologia poética de Vitale, seu primeiro livro no Brasil: Não sonhar flores. Vem sob a rubrica da Roça Nova e é servida por uma bela e exímia tradução de Heloisa Jahn; tradução “sem tirar nem por”. E, no entanto, há pouco tempo ela recebeu o Prêmio Miguel de Cervantes, 2018, o mais prestigioso da língua espanhola.

 Ida Vitale publicou o seu primeiro volume de poemas em 1949, com La luz de esta memória. É considerada, pois, integrante da célebre geração de 45, juntamente com alguns nomes que nos são mais familiares: Mario Benedetti, Juan Carlos Onetti, Angel Rama. Com eles partilha de um mesmo universo de invenção poética – e até certo ponto o mesmo destino político (na oposição à ditadura militar) – mas a sua poesia se destaca sobremodo pela insistência permanente em toda sua obra nas invenções da linguagem.

Por exemplo, através do uso agilíssimo de metáforas, ora surpreendentemente claras como nesses versos: Palidamente florescido/ o eucalipto suporta a sós, em seu
lugar imutável,/a chuva. Ou, nesses outros, onde a imagem busca o despropósito surrealista que acentua a força descritiva do verso: O simples vidro/ não fenício, meramente útil/ o frasco rústico reluz.

Vez por outra se enuncia em aforismos de uma lição apreendida e que talvez nos caiba pelos tempos que correm:

Agradecimento

Agradeço a minha pátria os seus erros, 
os cometidos, os que se vêem chegar, 
cegos, ativos no seu alvo de luto. 
Agradeço o vendaval contrário, 
o semi-esquecimento, 
a espinhosa fronteira de argúcias, 
a falaz negação de gesto oculto.

Sim, sou grata, muito grata
por ter-me feito caminhar 
para que a cicuta faça seu efeito e já
não doa quando morde
o metafísico animal da ausência.

Tradução de Heloísa Jahn

A lírica moderna nos fala muitas vezes de maneira enigmática. Para Octavio Paz, a poesia seria como uma metáfora do instantâneo, a conjunção entre um olhar que
arruma, por analogia, contigüidade ou diferenças certas imagens, sons ou palavras; e encontra na inteligência sensível do outro, o desejo cúmplice e a vontade receptora que os aprecie e compreenda.

Esse exercício exige atenção minuciosa para com o real na sua concretude, esforço verbal para esmiuçá-lo e traduzi-lo em encanto visual detalhado ao qual outros homens possam anuir voluntariamente, estabelecendo-se um circuito de cumplicidade mais ou menos intenso ou prazeroso entre autor e leitor. A palavra e a memória não estão comprometidas com uma “verdade”: elas explicam, examinam, procuram reconstituir, mistificam... mas também exaltam, intuem, celebram e consolam.

É neste sentido que a poesia moderna aborda com alguma freqüência o tema da relação entre o poético e a linguagem, com a poesia fazendo-se mimética desse processo infindo, paradoxal, de “dizer o indizível”. Dá-se isso a partir do momento em que poesia e crítica se conjugam e a primeira passa a agir como um instrumento de análise de si, autodefinindo-se nos seus próprios termos. Este traço é marcante na geração literária de Ida Vitale e o que confere o prumo e a aparente impessoalidade nos deus poemas.

Para a obra de Vitale não há rota segura, tanto para gozar como para aprender. A surpresa da imagem exata vem às vezes da associação de um sentimento comum, o da angústia, por exemplo, com uma descrição dura e gráfica, boa de doer:

Angústia,
no centro de um sonho,
fechado túmulo, a única saída
é para o negro.

A angústia aqui não é o registro de uma ferida autobiográfica, mas a marca do humano. No entanto, o poeta, por mais construtivista ou racionalista que seja, moureja na penumbra: o poema navega entre a incompreensibilidade e o fascínio, mas busca o acolhimento, a identificação. Muitas vezes vai a contrapelo do ditado: procura atirar e acertar no que não vê. Trabalha sob o signo da insegurança. E, portanto, necessita que sua fala seja reconhecida e aceita como um tipo especial de fala. Não seria por acaso que Vitale pôs em epigrafe em um de seus livros a frase de Montaigne: Pode-se parecer tolo em tudo, menos na arte da poesia.

A História, com “h” maiúsculo, não parece tampouco deixar marca considerável na poesia de Vitale. Ela permanece firme no controle de uma língua permeada de significados abertos e sugestivos que se espalham e multiplicam na extensão de curtos poemas.

Talvez se possa dizer que, nela predomina o olhar. Um olhar que transforma o mundo em vocabulário vivíssimo cujas palavras se entrelaçam, combinam-se,opõem-se, compõem-se, a sua mercê. Um mundo a mercê das palavras.

Apenas a cidade natal, esse lugar comum universal do sentimentalismo respeitável – núcleo duro da memória formadora –, é capaz de fazer Ida Vitale desguiar, ainda que muito pouco, da postura condutora de sua poesia. Como neste poema, um lamento:

Montevidéu

Como chegamos a este inútil
marco de março rumo ao nada?
A sedução, não do abismo:
de poça quieta e seus insetos.
Pode o belo ser um vácuo:
o desolado fogaréu
sobre uma terra distraída
do que um dia teria sido.

E, como nas relações de afeto, a melancolia sem prevenir, pode dar lugar ao entusiasmo:

Poscênio

Céus velozes de Montevidéu,
estratos de ouro e de loureiro,
rebocados pela mais alta rede,
mornos lilases lentíssimos
cocientes de sua luz multiplicada,
passam e nos envolvem
e nos distraímos com sua graça,
como brinca uma mão.

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